Paulo Freire Unindo os Pontos:
Palavras Geradoras na Socioexpografia
Uma experiência colaborativa
Participantes
Mariana Hartenthal, coordenadora do LabSE
Heloísa Vivanco, coordenadora do LabSE
Marta Jecu, tutora científica do LabSE
Beatriz Haspo
Cláudia Pola
Daniela Coelho
Desirée Nobre
Fabiana Ferreira
Geanine Escobar
Helionídia Pavel
Karol Pacheco
Luciana Pasqualucci
Maria Monsalve
Moana Soto
Neusa Mendes
Patrícia Dorneles
Paula Fiúza
Roberta Gonçalves
Sara Freitas
Vania Brayner
A exposição Paulo Freire Unindo os Pontos: Palavras Geradoras na Socioexpografia foi criada pelos grupos de estudo ligados à Cátedra UNESCO-UHLT: Educação, Cidadania e Diversidade Cultural – Sociomuseologia + Paulo Freire, Sociomuseologia e Acessibilidade Cultural, Sociomuseologia e Interseccionalidade: Género, Raça e Classe e Sociomuseologia, Interculturalidade e Universidade – com coordenação do LabSE: Laboratório de Socioexpografia. O processo de criação da ação expositiva se iniciou em outubro de 2021 e o projeto foi apresentado publicamente pela primeira vez na abertura do Congresso Internacional Paulo Freire: Um Centenário de Actualidade, organizado pelo CeiED – Centro de Estudos Interdisciplinar em Educação e Desenvolvimento em colaboração com a Cátedra UNESCO-ULHT.
Enquanto a proposta para a exposição surgiu por ocasião das comemorações do centenário de nascimento de Paulo Freire, a iniciativa não foi apenas uma decisão pontual. A influência do pensamento e da práxis pedagógica do educador no trabalho dos pesquisadores ligados ao programa de pós-graduação em Museologia da ULHT já era patente, fato que se tornou mais evidente com a criação do grupo de estudo Sociomuseologia + Paulo Freire em 2019.
A questão que norteou o LabSE na criação da exposição era, “Como a expografia pode ser criada a partir de aspectos fundamentais do pensamento freireano como a participação, o diálogo, a utilização dos meios e materiais disponíveis e o debate crítico?” A nossa resposta a essa questão seguiu algumas diretrizes: em primeiro lugar, a ação deveria ter uma presença física e uma presença virtual. Em segundo lugar, teria que ser pensada como uma atividade experimental, que possibilitasse desvios e correção de trajeto e trouxesse o processo de criação e concepção como valioso em si mesmo. Ou seja, para nós, o processo é mais significativo do que o produto finalizado, pois estamos nos auto-ensinando sobre a Socioexpografia. E de fato, com este site e os novos desdobramentos que estão a ser pensados, a exposição pode continuar a crescer e se materializar em outros produtos e outros processos. Finalmente, a exposição deveria envolver os outros grupos de estudos vinculados à Cátedra UNESCO-ULHT.
A minha ideia inicial para a exposição era criar um livro-objeto colaborativo, uma espécie de “livro gerador” da Socioexpografia. No entanto, as participantes decidiram criar uma “colcha de retalhos” trazendo termos que considerassem “palavras geradoras” para a Socioexpografia. A partir daí, organizamos um calendário de encontros e três reuniões presenciais no LEME (Laboratório Experimental de Museologia e Educação na ULHT) durante os quais nos dedicamos a artes manuais infelizmente pouco valorizadas atualmente, a costura e o bordado. A maior parte das participantes não costurava, mas os encontros possibilitaram uma troca de conhecimentos com duas “experts”: Maria Monsalve e Helionídia Pavel, que nos auxiliavam. Mas o mais importante era o encorajamento e as conversas que combinavam agulhas e linhas, teses e dissertações, família e amigos. No final da produção, os retalhos foram reunidos sobre dois suportes de tecido – a única parte do processo que foi confeccionada por uma costureira profissional. As colchas então se transformaram em dois estandartes, que planejamos irão animar um cortejo pelo pátio da ULHT assim que as aulas presenciais voltem.
Infelizmente, o Congresso aconteceu apenas de maneira virtual devido à pandemia. Mas já havíamos programado a execução de uma “colcha virtual” – uma ideia trazida pela Heloísa Vivanco a partir da sua experiência em uma residência artística. Pensamos nos quadradinhos do Zoom como retalhos, e pedimos às participantes que trouxessem frases e imagens que relacionassem Paulo Freire à museologia. Fizemos quatro encontros e reunimos tudo em um vídeo editado pela Fabiana Ferreira, que tem anos de experiência em audiovisual.
Este site é um outro desdobramento de nosso projeto, uma oportunidade de trazer referências teóricas às palavras geradoras que aparecem nos retalhos. Também é uma “colcha” reunindo sugestões de imagens, vídeos, músicas e outras contribuições que coletamos em formulários, uma sugestão da Geanine Escobar. Eu coletei os textos e os editei um pouco para clareza, mas espero que continuemos construindo e ampliando nosso trabalho.
A participação, o diálogo, a utilização dos meios disponíveis, o debate crítico, aspectos centrais do pensamento de Paulo Freire, também são fatores que acreditamos serem fundamentais para nossa proposta para uma Socioexpografia. Neste sentido, durante o processo de criação da exposição algumas práticas foram adotadas naturalmente pelas participantes, como a horizontalidade na tomada de decisões, a partilha de saberes e a liderança compartilhada. A partir desta experiência, pretendemos continuar refletindo sobre o que é e o que pode ser a Socioexpografia.
Mariana Hartenthal.